"A Náusea", escrito por Sartre, romance escrito em 1938
Este romance aponta certas ideias que Sartre colocaria em seu livro " O ser e o nada", ao mesmo tempo aponta ideias que Sartre descartaria.
A Nausea é um romance seco, cheio de crítica tanto a nível social, como a nível de Ser. Nele, Sartre vai criticar essa insistência do pequeno burguês em tampar sua existência com gestos e aparências do cotidiano. Exemplo este descrito em uma cena de um domingo qualquer. Sartre vai dizer dos casais apaixonados, dos sorrisos, do domingo quente, cheio de energia, no fim, uma cena inútil, falsa, não representando nada mais que fingimento, disfarce da "realidade". Uma crítica em relação à burguesia.
O personagem principal realiza diálogos bem consistentes com o que ele diz ser o Autoditada, este representando um humanista (personificação de um pensamento contrário ao de Sartre), ser que acredita na potência humana, crendo haver algo de bom o ser humano. O Autoditada está sempre em busca do conhecimento, sempre com fome de saber...Além de um humanista, talvez também um burguês em sua teatralidade...
Roquentin, o personagem principal é um homem de 30 anos, vivido, que parece estar na cidade para trabalhar. Ele é historiador e desiste de trabalhar na biografia do marquês de Rollebon, por acreditar não haver liberdade em se escrever algo sobre uma outra pessoa. Pessoa esta que possui uma vida sem muito entusiasmo, uma vez que o marquês é a personificação de algo que Sartre vai criticar, como ele já crítica a burguesia. O marquês, assim como a burguesia são personagens, buscam segurança e agem na teatralidade, sem nenhuma liberdade.
Sem querer dar spoiler, mas talvez já dando um pouco, eu me surpreendi com o final do livro, pois Sartre abre uma possibilidade para A nausea, essa possibilidade parece ser a arte, pois o personagem se preenche quando ouve seu disco de jazz favorito, mas é claro, Sartre vai abandonar esta ideia de possibilidade para a existência.
Uma das mil frases que marquei e gostei:
"É o reflexo de meu rosto. Muitas vezes, nestes dias perdidos, fico a contemplá-lo. Não entendo nada desse rosto. Os dos outros tem um sentido. O meu não. Sequer consigo decidir se é bonito ou feio. Acho que é feio, porque me disseram. Mas isso não me impressiona. No fundo, até me choca que se possam atribuir a ele qualidades desse gênero, como se chamassem de bonito ou feio um pedaço de terra ou um bloco de rocha."
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