Escrito por Franz Kafka, "O processo", à olhos iniciantes retrata a burocracia. Burocracia que vivenciamos em nosso cotidiano, burocracia esta que nos amarra, nos impede de agir, e nos deixa à mercê de um sistema maior. Tudo isso nitidamente é retrato na obra, mas o que não é retratado?
Eu gosto de observar o título dos livros que leio, e em "O processo" o título nos é útil, pois vai dizer de um processo burocrático, mas também o processo de degradação vivido por Josef K (personagem principal). O sujeito vai se submetendo a situações estaparfúdias, no intuito de livrar-se de algo. Sem pensar minimamente, ele vai aceitando o que lhe é dito, e vai atrás de pessoas que supostamente poderiam ajudá-lo. Com o decorrer da leitura ficamos angustiados, pois ninguém pode ajudar K., a não ser com falsas promessas, e diálogos pesados.
Uma palavra para descrever o livro seria: labirinto. Que por sinal está presente também em "A metarmofose". Em uma nota de rodapé presente no livro, eu entendi meus momentos de angústia, pois nela, havia a comparação de determinada cena, com outra vivida pelo protagonista de "Crime e castigo" e as coisas fizeram um certo sentido.
Ler O processo nos faz refletir sob o ponto de vista existencial, feminista e social. Existencial: Josef K, vive nesta busca constante, em uma agonia, sempre precisando de terceiros mas nunca visto com dignidade; feminista: As mulheres parecem objetos, e de certa forma, todas parecem desejar Josef K. ; social: Vivemos em uma burocracia gigantesca (livro e na realidade) e por mais que pareça haver uma conexão na resolução dos problemas, no fim das contas ninguém sabe o que fazer, nem o funcionário, nem o sujeito com seus problemas, enfim, os problemas judiciais parecem ter estratégias próprias, que funcionam no intuito de cansar o cidadão.
A primeira frase do livro diz muito de seu desenrolar: "Alguém devia ter caluniado Josef K, pois, sem que tivesse feito mal algum, ele foi detido certa manhã"
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