Enfim conclui a leitura do último romance do ano. O livro "Angústia" de Graciliano Ramos foi enfim devorado. Faz uns dias que terminei de ler, mas graças aos céus, -por prazer, e pra preservar a saúde mental- fiquei sem internet, e não escrevi antes.
Antes de ler um livro, em alguns casos, eu costumo ler antes os comentários e críticas sobre alguns pontos do enredo. Neste caso, vi algumas comparações do livro com o livro "Crime e Castigo" de Dostoievski.
Há um tempo li Crime e Castigo, e infelizmente fazer essa associação não me ajudou na leitura de Angústia. Os dois personagens possuem vivências parecidas, e em alguns momentos, o desespero e angústia de Luís (personagem principal, de Angústia), se assemelharam ao sofrimento de Raskonikov. Mas pra mim, os motivos do sofrimento são diferentes. Ambos cometem um assassinato, mas Luís ao longo da obra vai nutrindo um amor aparentemente obsessivos, e que gera grande ódio, pois sua amada se interessa por outro. Luís é desleixado, trabalha em um jornal, e escreve o que lhe pedem. Possui alguns poucos amigos, e conhece bem o comportamento de cada um deles. Um personagem completamente descrente de si, e dos outros.
Narrando tudo o que acontece ao seu redor, Luís nos apresenta cenas, onde o leitor pode até mesmo sentir cheiros. Este personagem tem o poder da palavra, entra na cabeça de outros personagens, e nos mostra seus pensamentos e sentimentos.
Por outro lado, em "crime e castigo", o personagem, mata a senhora da pensão por acha-la imunda. Em consequencia de seu ato, Raskonikov se sente perturbado, e nos coloca em cheque, sobre o que é certo e o que é errado. Um crime pode fazer o bem?
Não sei, mas mesmo sentindo que existem questões parecidas nos dois romances, eu colocaria -a priori- que o crime de Luís me parece algo individual (não descartando completamente o universal), enquanto o crime de Raskonikov, é algo do universal (não descartando o individual). Luís parece matar, por estar atormentado por um ódio de não ter tido a mulher que tanto quis, e que fez de tudo para te-la. Raskonikov, odeia aquela velha que faz tanta maldade (maldade universal).
Sobre o livro: É um bom livro, que trata sobre: existência, sociedade, amor, paixão, valores e etc.. Eu fiquei em dúvida em alguns momentos, se o livro não deveria se chamar Obsessão, mas durante estes momentos, eu me questionei o que seria angústia, se não a impossibilidade de fazer algo? E então eu entendi a angústia do personagem.
Eu simplesmente odeio descrever livros, por achar que muitas são as questões que eles nos trazem, e é impossível dizer apenas uma coisa, ou sintetizar toda uma narrativa. Mas, por achar relevante, preferi comparar os dois autores (já que isso atormentou minha leitura).
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