E agora esse relato que insiste em rodar por meus pensamentos. Aquela luz típica, a música de fundo, e os homens que nem sequer tentavam se esconder de vergonha. O ambiente estigmatizado pareceu mais sério que o que comentam. Os quartos com portas abertas, mostram mulheres. Mulheres com olhar vazio, algumas de costas, incomunicáveis, outras, já nas portas. Algumas trajando roupa intima, outras nuas, cobriam-se com um lençol.
Talvez por avistar uma menina andando por entre os corredores, uma mulher se abriu. Em um quarto quente, sem ventilação ela disse de sua fé, sua força, suas perdas. Perdeu filhos. A menina se assustou com a densidade do relato. A fé nunca foi tão pesada quanto hoje. Era de onde a mulher tirava sua força. Qualquer descrente sensato seria calado e desarmado naquele momento. Ela carrega suas cruzes. Seu sofrimento é necessário, para que um dia possa gozar de boa vida. Quem poderia dizer a ela que não há necessidade de se carregar uma cruz? Se não há cruz, o que há?
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