Vi hoje (01:30 da manhã rs) no Google, que Hannah Arendt, completaria 108 anos. Eu adoro clássicos, principalmente escrito por mulheres (nada supera Beauvoir, é claro. Mesmo que supere, jamais admitiria). Andei afastada do blog, mas, vi uma ótima oportunidade de publicar algo tendo em vista o aniversário de Arendt.
Há um tempo assisti o filme "Hannah Arendt", e fiquei encantada com seu pensamento. Resolvi então, comprar o livro " Eichmann em Jerusalém: Um relato sobre a banalidade do mal", já pensando em algo para escrever. Enfim, mesmo ainda estando na página 87, retornarei algumas páginas, para destacar uma simples frase, onde Hannah, ao menos para mim, resume a idéia central de seu livro, (claro que em outros momentos ela vai fazendo isso, mas esta frase, pra mim marcou, talvez pelo contexto em que foi inserida).
Bem, Eichmann havia passado por alguns profissionais que diziam ser ele, um sujeito normal, com comportamento, até mesmo desejável (Eichmann enviava milhares de judeus para a morte) Trecho do livro:
"e quanto a sua consciência, ele se lembrava perfeitamente de que so ficava com a consciência pesada quando não fazia aquilo que lhe ordenavam - embarcar milhões de homens, mulheres e crianças para a morte , com grande aplicação e o mais meticuloso cuidado. Isso era mesmo difícil de engolir. Meia dúzia de psiquiatras haviam atestado a "normalidade"- "pelo menos, mais normal do que eu fiquei depois de examina-lo", teria exclamado um deles, enquanto outros consideraram seu perfil psiquicologico, sua atitude quanto a esposa e filhos, mae e pai, irmaos, irmas e amigos, "não apenas normal, mas inteiramente desejável"- e por ultimo, o sacerdote que o visitou regularmente na prisão depois que a Suprema Corte terminou de ouvir seu apelo, tranqüilizou a todos, declarando que Eichmann era 'um homem de ideias muito positivas' "( p. 37)
Naquele momento, os juízes consideravam que Eichmann, era efetivamente normal, na medida em que, não era uma exceção, dentro do regime nazista. Então, brilhantemente, Hannah nos diz: " "No entanto, nas condições do Terceiro Reich, so se podia esperar que apenas as 'exceções' agissem 'normalmente' " ( p.38). O normal, agiria de acordo com o que lhe era ordenado, seja matando, torturando, enfim, agindo a partir de ordens, sem questionar, sem pensar no processo. Mas as exceções, nas condições em que se vivia, dentro do regime nazista, teria que pensar além, eu diria que além da "banalidade do mal". A exceção teria que pensar no sistema, no processo, tendo em vista o início, meio e fim. A exceção são os raros, são os poucos, os que questionam. O mal se torna uma banalidade na cabeça dos seres da ação, sem questão.
É claro, que Hannah, possui outros belíssimos livros, como: A condição humana e As origens do totalitarismo. Infelizmente ainda não li os dois. Mas com certeza são bons.
Eichmann em Jerusalém, é um livro complicado de ler, pelo número de dados que a autora nos fornece. Sempre contextualizado o leitor, mas o livro não é difícil, pelo contrário, esboça bem o pensamento da autora, dentro de um contexto. Ousaria dizer que é como se ela explicasse e desenhasse rs. Vale a pena ler.
RESUMO DO LIVRO:
Sequestrado num subúrbio de Buenos Aires por um comando israelense, Adolf Eichmann é levado para Jerusalém, para o que deveria ser o maior julgamento de um carrasco nazista depois do tribunal de Nuremberg. Mas o curso do processo produz um efeito discrepante - no lugar do monstro impenitente por que todos esperavam, vê-se um funcionário mediano, um arrivista medíocre, incapaz de refletir sobre seus atos ou de fugir aos clichês burocráticos.É justamente aí que o olhar lúcido de Hannah Arendt descobre o 'coração das trevas', a ameaça maior às sociedades democráticas - a confluência de capacidade destrutiva e burocratização da vida pública, expressa no famoso conceito de 'banalidade do mal'. Numa mescla de jornalismo político e reflexão filosófica, Arendt toca em todos os temas que vêm à baila sempre que um novo morticínio vem abalar os lugares-comuns da política e da diplomacia.
Resumo Disponível em : http://books.google.com.br/books/about/Eichmann_em_Jerusal%C3%A9m.html?hl=pt-BR&id=db130ukPKlEC
Resumo Disponível em : http://books.google.com.br/books/about/Eichmann_em_Jerusal%C3%A9m.html?hl=pt-BR&id=db130ukPKlEC
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