quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Fuga

A verdade é que ela sempre fora muito sozinha. Relembrava o passado, forçava dores inimagináveis, e se machucava. Retornava e desmanchava em velhos sentimentos. Tomava toda aquela cachaça em um só gole. Corria desenfreadamente, desesperadamente até inflamar os pés. 
Pois ela sempre sofria, e sabia que no fim é assim. Ela estaria sempre sozinha. Desejava gostos ainda não experimentados, talvez até inatingíveis a seu paladar pouco refinado, mas ela desejava. 
Desejava se rasgar em vida. Retornar ao sofrimento original, inacabado, imaculado. Ela até conhecera a história de uma virgem santa, mas pra ela, no fim das contas, isso não importava. Ela já havia amado, sendo assim, sua vida não tinha recurso. Não havia mais luz no fim, não havia mais ilusão do desconhecido. O que havia era a pura destruição, a morte em vida. 
Rita se sentava num chão qualquer, mas isso nada significava, pois sua cabeça retornava aos antigos pensamentos. Assim como seu corpo, sua cabeça também a maltratava. Rita então corria, e só ouvia todo o seu corpo num sobe e desce.

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