Esse poema do Fernando Pessoa parece me acompanhar diariamente. Já cheguei a posta-lo aqui uma vez, mas tenho que posta-lo novamente.
É muito engraçado quando você percebe todos te observando diante um erro. Os olhares correm, esperando que um erro banal chegue a uma catástrofe épica. Infelizmente, é a vida, e os erros servem pra isso mesmo. Para serem julgados.
Mas é humanamente ridículo, diante esta existência vazia, não assumir alguns erros. Como diria os facebookianos, "Quem nunca?". Os pecados estão ai, e os erros também.
É estranho quando você chega na sala de aula por exemplo dizendo: "Puta que pariu, não queria ter vindo nessa merda, e ainda não fiz a atividade avaliativa". Os olhares congelam em cima de você, e isso só porque cometeu o pecado da preguiça, juntamente com o pecado de falar palavrão próximo à santidades, e finalmente, o pecado da falta de compromisso. Mas que coisinha chata viver no meio de reizinhos. Nunca entenderão o que é não ler o xerox do professor, e sim, ler alguns capítulos de outro livro, ou assistir um bom drama, ou um filminho sessão da tarde qualquer.
Mas também nunca entenderão, o que é pegar mil ônibus num dia, ou ser espremido nesse mesmo local, com uma bolsa num lado, um sovaco na cara, e uma mochila por trás. Nunca entenderão o dilema diário entre comer salgado no almoço ou chegar atrasado no trabalho porque resolver comer. Nunca entenderão, o dilema interno em mesmo com todo aperto, nunca, pedir nada (até porque eles pedem, nisso, não há erro nem orgulho). Nunca entenderão o porque não viajar para NY. Nunca entenderão as mãos calejadas de quem trabalhou na roça. Talvez, nunca entenderão com profundida um olhar de quem está na miséria existencial. Talvez entendam, talvez não. Não sei.
(Não quis nesse texto diferenciar seres bons de seres ruins. Apenas mostrei diferenças, afinal o texto fala de erros. E eu ser errante, apenas erro. As vezes assumidamente, as vezes não. Talvez como todos. Talvez não.)
Poema em linha reta- Fernando Pessoa- http://www.youtube.com/watch?v=3dRchZ-vRAI
"...E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda..."
"...Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?..."
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